12 de out. de 2007

A dica do Labaki | Documentários

Nem tudo é verdade na Mostra. Mas com o número cada vez maior de documentários exibidos, a verdade está dando as caras no cinema. Em 2007, serão quase uma centena de filmes do gênero, e a produção nacional representa um quinto do total. É o que diz Amir Labaki (foto), organizador do festival de documentários É Tudo Verdade, na edição desse fim-de-semana do jornal Valor Econômico.

Conheça os principais documentários da Mostra, selecionados e comentados por Amir Labaki:


Brando, de Mimi Freedman e Leslie Grief. Um cativante mergulho na vida de um dos maiores atores do século XX, com valiosos materiais de arquivo. [Leia mais no site Omelete >>]

Condor, de Roberto Mader. Um pioneiro e didático mergulho nacional no Mercosul do terror, que reuniu oito ditaduras militares do continente, incluindo a brasileira. Prêmio Especial do Júri em Gramado e melhor documentário da Première Brasil no Rio. [Leia mais no Blog do Zanin >>]


Campos de Morango, de Ayelet Heller. Uma visão microscópica do beco sem saída do conflito no Oriente Médio. Palestinos que sobrevivem plantando morangos para exportação na Faixa de Gaza têm seu cotidiano perturbado pela rotina de bombardeios, controles militares e oscilações políticas. [Leia mais no site do Festival de Edimburgo >>]

Cartas a uma Ditadura, de Inês de Medeiros. Uma original revisita ao regime autoritário de Salazar, em Portugal, dos anos 1930 aos 70, a partir da correspondência enviada por mulheres ao ditador.

De Volta à Normandia, de Nicolas Philibert. Um estudo sobre o impacto do cinema sobre a vida de seus intérpretes eventuais. Philibert reencontra, passado um quarto de século, os habitantes que trabalharam como atores amadores nas filmagens de "Eu, Pierre Rivière, Que Matei Minha Mãe, Irmã e Irmão", de René Allio, nas quais foi assistente de direção.

Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
Juízo, de Maria Augusta Ramos
Dois documentários nacionais desafiam as fronteiras entre ficção e não-ficção. O mestre dos mestres embaralha o depoimento de mulheres simples e a atuação de atrizes conhecidas. Já Maria Augusta empresta a face de intérpretes adolescentes para reencenar as lacunas dos registros de julgamento de menores infratores que legalmente não podem ter seus rostos expostos.
[Leia a crítica de "Jogo de Cena" no Críticos.com.br >>]

Fernanda Torres é uma das atrizes convidadas a contar histórias de anônimos para as lentes de Eduardo Coutinho em Jogo de Cena.


Lost, Lost, Lost, de Jonas Mekas. O terceiro dos filmes-diários do grande cineasta experimental americano de origem lituana, em cópia restaurada. Da chegada de Mekas a Manhattan, em 1949, até os agitos de meados dos anos 1960, esta autobiografia em "home movies" a um só tempo pesquisa os mecanismos da memória e radiografa o turbilhão nova-iorquino, da patota de Andy Warhol à resistência à guerra no Vietnã.

Nanking, de Bill Guttentag e Dan Sturman. Na aurora da Segunda Guerra Mundial, no segundo semestre de 1937, o Japão de Hirohito invadiu a China ainda capitalista. Nanquim, a então capital, se tornou palco de um dos maiores massacres da história asiática. Estimam-se 200 mil mortos e 20 mil mulheres estupradas. Testemunhos da época, entrevistas com sobreviventes e dilacerantes cenas de arquivo combinam-se numa lição de barbárie para jamais esquecer.

Retrospectiva Jia Zhang-Ke. Nenhum olhar sobre a China contemporânea supera em rigor e frescor o do jovem Jia. Suas ficções ("Plataforma", "Prazeres Desconhecidos", "O Mundo", "Em Busca da Vida") e seus documentários ("Dong", "Inútil") iluminam-se e complementam-se, sempre indagando o que é ser jovem na China socialista- capitalista arquitetada por Deng Xiao-Ping (1904-1997).

SOS Saúde (Sicko), de Michael Moore. O mais famoso dos documentaristas descansa a artilharia contra Bush para apresentar uma bem-humorada radiografia do desastroso sistema de saúde dos EUA. Perdoe-se o ingênuo escorregão do episódio cubano, na mais bem articulada das obras de Moore.

Nenhum comentário: