23 de out. de 2007

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

Falta de ar

Perturbador, 4 Meses... compartilha com o público a angústia de sua protagonista


LUIZ FELIPE FUSTAINO
O FINO DA MOSTRA


Num quarto de hotel, Otilia, Gabita e Sr. Bebe olham-se nos olhos. Elas não conheciam o Sr. Bebe (Vlad Ivanov), contratado para dar fim à gravidez de Gabita (Laura Vasiliu), jovem estudante que divide seu quarto em uma república com Otilia (Anamaria Marinca). Uma relação de confiança precisa ser estabelecida em minutos – a vida de Gabita está nas mãos de um senhor que está prestes a realizar um aborto, prática ilegal e duramente condenada na Romênia ainda socialista ao fim dos anos 80. Tudo isso em um quarto pequeno, com a porta fechada.

Até chegar a essa cena, o espectador já atravessou um bom trecho de 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias. Mas o quarto de hotel e a conversa entre os três é a chave do filme. O diretor e roteirista Cristian Mungiu consegue criar durante o filme inteiro um clima perturbador, em que a claustrofobia representa a situação de um país fechado para balanço.

4 Meses... foi o vencedor da Palma de Ouro em Cannes nesse ano. Assim como seus antecessores, traz uma discussão política ao longo do filme. Porém, consegue contar uma ótima história sobre a angústia que não é mero pretexto para falar de comunismo. A decadência da ditadura de Nicolau Ceausescu não é retratada gratuitamente.

Cristian Mungiu, aliás, não é adepto das cenas gratuitas. Nada é desnecessário em 4 Meses..., um filme que acerta no tempo das cenas, que sabe fazer longos planos-seqüência sem ser pedante e que conta uma história com excepcional fluidez. Ou seja, um filme excelente.


4 MESES, 3 SEMANAS E 2 DIAS
(4 Luni, 3 Saptamani Si 2 Zile, França/Romênia)
Direção: Cristian Mungiu
Perspectiva | 2007 | 113 min

23/10 | 20:00 Frei Caneca Unibanco Arteplex 3
24/10 | 22:20 Cine Bombril 1
28/10 | 15:20 Espaço Unibanco 3

Um comentário:

Diogo Bercito disse...

Estou impressionado com a qualidade do blog de vocês, colegas! Ano que vem quero participar, heim!

Beijos e queijos,

Diogo